quarta-feira, 7 de julho de 2010

. ZzzzzZzzzzZzzzz .


E a cada toque diário do despertador
vem uma culpa pelo ócio tão esperado
tão merecido, tão reverenciado.
E vem ainda uma saudade da correria louca
de não ter tempo mas sempre conseguir dar conta
do social, profissonal, do financeiro, do pessoal
do afetivo, do acadêmico, do fútil e do essencial.

Mas eis que vêm tão disponíveis as horas tantas
sem contar com a letargia que te causa
essa overdose de tempo, cama, casa
e os muitos planos viram sonhos te cobrando
montros carentes te cercando, te chamando
então a gente acorda, promete, mente
mas não levanta, não tenta, não se manca

-Ainda tem tempo, gente!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

. alinhamento de saturno com urano na casa 7.



A que loucuras se submete uma mente inquieta
que já não se entende por si só?...
Quando escrever ou meditar já não clareia os pensamentos
E vagueia expondo em bares seus sentimentos
Ou apelando pra intangível explicação dos astros
Pros medos, pras dúvidas, pros gastos
Pro tesão indevido ou pela frigidez inexplicável
Pros vícios, pros planos, pros danos causados
Pro tempo perdido ou pro futuro esperado

Estaria lá a resposta ou apenas a explicação?
saber o porquê resolveria a questão?
Ou o que falta mesmo é peito pra tomar a decisão?

.



quinta-feira, 20 de agosto de 2009

... 11:59pm ...

Havia um assobio, havia vinho, havia o que falar. Havia um vizinho distante com quem partilhar a insônia. Um amigo, mais um louco... havia.

Havia uma irmã, a caçula, uma parceira das noites e das manhãs. Parceria de todo dia, na alegria, na confusão, no sóbrio, no ébrio, enfim... havia.

Havia juventude sem rugas e sem contas. Havia comidinha pronta e mesa posta. Havia família - mãe pai irmãos. Havia sonho de crescer, de ser mãe, de vencer. Havia um mundo rosa que se resumia a um quarto e muitos cds. E era suficiente. Havia um universo ali.

Hoje há menos tempo pra pensar pois o tempo é pra ser. São horas marcadas - de acordar, começar, terminar, descansar, recomeçar.

Mas há novas canções, novos sinais. Novos vizinhos, novas irmãs e irmãos. Há liberdade de escolher e sempre sonhar a aventura de cada dia, quem vai sair, quem vai chegar, o que há pra conquistar. Não dá medo. Às vezes dói mas dá prazer.

Eu mostro a cara, arrisco alto, falo menos mas falo forte. Morno eu vomito e de cima do muro só penso em me jogar. Meus lamentos levam alguns minutos, algumas linhas, mas logo os deixo ir.

Gosto de ser gente grande, com um espírito maior ainda. Me divirto com pouco - basta música e boa companhia. Como de tudo, me viro sozinha, dirijo bem, dou meus pulos. Mas gosto de ter um homem à moda antiga, que abraça e me faz sentir protegida. Cuido muito, mas gosto de ser cuidada também.

Imposto de renda, cartão de crédito, salário da secretária. Só tem conta pra pagar quem tem dinheiro. Mas vale mais ter amigos. Se dinheiro não servir pra pagar boa comida e um happy hour divertido, o resto nem vale à pena.

Hoje é quinta e não importa. São só dias que dizem o que pode ou não pra maioria. Todo dia é um novo dia e dá pra fazer dele o que quiser. Hoje cheguei em casa de manhã e de manhã mesmo já saí pra trabalhar. Fui professora, fui enfermeira, chorei vendo tv, ganhei presente e resolvi escrever. Amanhã acho que sei o script, mas duvido acontecer tudo como eu planejei. E tem sido uma vitória pra mim conseguir dizer - deixa ser!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

... sinédoque, overloque ...



Deve ser sutil o momento
em que nos perdemos na dor da perda
que te faz perder o sentido, os sentidos
perder a razão de ser, de viver, de querer vencer
ainda que nunca perdendo o medo de envelhecer
de sofrer, de morrer
de se perder no limbo, no purgatório
de perder a barca ou esquecer a moeda de ouro
de perder a chance de ser lembrado
de perder o feeling, o momento, o horário
perder a estréia, a idéia
de perder o poder.

E se o perder te levar a ganhar novas pessoas
mas nem por um segundo achares que são boas
por saber que elas só vão te confundir, te desviar
mais um mundo pra ter que contracenar
e que um dia fatalmente irão te abandonar
e novamente vai doer pois vais perder
pra carreira, pro mundo
pros filhos, pras dores, pro prazer
pro gosto do novo, pro outro
pra melancolia, pra utopia
pra sorte, pra fumaça, pra morte
que maldita sorte perder!

E se um dia esse rolo te levar
e você poeticamente deixar
e ele então te esmagar contra a parede
te esbugalhando os olhos ao te sugar
se te render, te emboscar, surpreender
se esse caleidoscópio ficar cinza
e você vir que o culpado foi você?
Se perder foi na verdade render, oferecer
foi preterir, denegrir, desistir
sumir em si, deixar de dividir
de enxergar, de se importar, de cuidar, de cativar
perder foi esquecer-se de amar.

Como se há de lidar com a nova perda
que muda de nome e de lugar?
Que sentido teriam teus dissabores
e essa dor que não se tem a quem culpar?
Como se pode essa peça encerrar?
E que título a ela irias dar?
.

domingo, 2 de agosto de 2009

... herrar é umano ...







Então tá
deixa tudo como está
sempre custa construir
tão pouco leva pra quebrar
a flecha que hoje aponta
bumerangue pode virar
.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

... londonsick ...


caras na parede coloridas de medo
disfarçando todos os segredos escondidos em um ano de solidão
línguas secretas de uma cozinha suja e um sofá velho
da cidade crua de loucura e mistério
onde se formam famílias - mãe filha
vidas mudadas pela garoa da saudade
a cara colorida esconde a idade
e sorri verde roxa e amarela
no fundo no fundo é verdade
.

domingo, 31 de maio de 2009

... todas querem roberto ...



Dentre os detalhes das letras e dos amores tão sentidos de roberto
me pego a chorar saudades de um tempo que eu mesma não vivi.
São marcas de pessoas que passaram por aqui e que não podem ser ignoradas
- ingenuidade de quem as imagina apagadas -
e a gente que fica sente o cheiro da falta
da marca
da cara
do alcance de um olhar que diria
aaaaaaaaai essa música me mata!

Se o amor fosse simples assim
ele não era o rei

O buraco é mais embaixo beibe
mais-em-baixo