terça-feira, 11 de agosto de 2009

... sinédoque, overloque ...



Deve ser sutil o momento
em que nos perdemos na dor da perda
que te faz perder o sentido, os sentidos
perder a razão de ser, de viver, de querer vencer
ainda que nunca perdendo o medo de envelhecer
de sofrer, de morrer
de se perder no limbo, no purgatório
de perder a barca ou esquecer a moeda de ouro
de perder a chance de ser lembrado
de perder o feeling, o momento, o horário
perder a estréia, a idéia
de perder o poder.

E se o perder te levar a ganhar novas pessoas
mas nem por um segundo achares que são boas
por saber que elas só vão te confundir, te desviar
mais um mundo pra ter que contracenar
e que um dia fatalmente irão te abandonar
e novamente vai doer pois vais perder
pra carreira, pro mundo
pros filhos, pras dores, pro prazer
pro gosto do novo, pro outro
pra melancolia, pra utopia
pra sorte, pra fumaça, pra morte
que maldita sorte perder!

E se um dia esse rolo te levar
e você poeticamente deixar
e ele então te esmagar contra a parede
te esbugalhando os olhos ao te sugar
se te render, te emboscar, surpreender
se esse caleidoscópio ficar cinza
e você vir que o culpado foi você?
Se perder foi na verdade render, oferecer
foi preterir, denegrir, desistir
sumir em si, deixar de dividir
de enxergar, de se importar, de cuidar, de cativar
perder foi esquecer-se de amar.

Como se há de lidar com a nova perda
que muda de nome e de lugar?
Que sentido teriam teus dissabores
e essa dor que não se tem a quem culpar?
Como se pode essa peça encerrar?
E que título a ela irias dar?
.

Um comentário:

  1. adoro esse seu jeito de escrever como se estivesse conversando comigo. só que escrito assim em letrinhas fica ainda mais bonito.

    o filme é bom demais, melhor indicação ever. eu me identifiquei com ele quanto à doença e esse sentimento de que eu vou morrer logo.

    "my real daughter" foi a frase mais... foda.

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